Diferença entre modo e sitio/mecanismo de ação para herbicidas

Image credit: Shane Aldendorff

Tem diferença!?

Quando nos referimos a sitio/mecanismo de ação, estamos falando justamente do mecanismo, ou seja, onde o herbicida vai agir é o ponto do metabolismo da planta que vai ser modificado pela molécula do herbicida a partir desse ponto pode ocorrer várias reações em cadeia que vão levar a morte da planta, essas reações são parte do modo de ação do herbicida. O modo de ação do herbicida começa no contato do herbicida com a planta, como ele penetra na planta (absorção), como ele se move (translocação) e como ele chega ao sitio de ação até os sintomas visuais e a morte da planta ou controle da planta. Ou seja, o sitio/mecanismo de ação do herbicida faz parte do seu modo de ação.

⛔ Não faça isso ⛔

Por isso é incorreto falar em rotação do modo de ação dos herbicidas, já que eles podem ter diferentes modos de ação e mesmo assim ter o mesmo mecanismo de ação, o que não é aconselhável para o manejo das plantas daninhas. O correto então é fazer a rotação do sitio/mecanismo dos herbicidas. O porquê de ser correto fazer a rotação de mecanismo de ação discutiremos em outro post [Em breve...].

Depois de tanta rotação ou não, vamos exemplificar tudo para ver se as coisas se encaixam.
Depois de tanta rotação ou não, vamos exemplificar tudo para ver se as coisas se encaixam.

##Vamos ao nosso exemplo 😅 Vamos falar do grupo B(HRAC), 2(WSSA) SOA classificação, e quais são os herbicidas do grupo B/2? São os inibidores da ALS, e como funcionam de maneira geral os inibidores da ALS? Então com a aplicação do herbicida ocorre a não formação dos aminoácidos (VALina, LEUcina e ISOLEUcina), por consequência não ocorre a formação de proteínas e essa falta de proteínas afeta negativamente a síntese de DNA e divisão celular.

Calma nós vamos falar mais dos modos de ação de herbicidas específicos, mas só mais pra frente 😉

Então imagine que usamos o herbicida Diclosulam em pré-emergência e não controlamos muito bem a flora infestante. Bom ainda temos outras chances na pós-emergência da cultura, então eu te falo:

"amigo temos que usar um herbicida que possua um modo de ação diferente"

ai você escolhe o herbicida Nicosulfuron e por incrível que pareça a escolha do herbicida está correta, porem não é a escolha certa!

Hãmm como assim 😵!? ...

Se você escolheu o herbicida com base na frase que eu disse pegue um herbicida com modo de ação diferente você está correto na sua escolha, o Diclosulam é utilizado em pré-emergencia, enquanto o Nicosulfuron é utilizado em pós-emergencia, ou seja, o modo de ação já começa diferente na forma de absorção onde o Diclosulam é absorvido principalmente pela raiz, enquanto o Nicosulfuron é principalmente absorvido pelas folhas das plantas daninhas. Mas eles possuem o mesmo mecanismo/sitio de ação, ambos são inibidores da ALS, portanto a mesma flora infestante que "escapou" da primeira aplicação, muito provavelmente também irá escapar desta segunda aplicação. Essa máxima pode não ser verdadeira dependendo das plantas que estão presentes na área, mas com certeza absoluta a rotação de sitio/mecanismo de ação é a melhor opção, aumentando o espectro das plantas que podem ser controladas e para evitar a pressão de seleção de plantas daninhas resistentes, mas isso é para outro post, ficamos por aqui neste.

Doutor em proteção de plantas

Doutorando em matologia, pai de familia, podcaster (papoagro) e cervejeiro artesanal.

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